Ontem (21/09) foi comemorado o Dia Nacional de
Luta dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Parabéns a todos aqueles
que lutaram e lutam constantemente e incansavelmente, no sentido de
promover e proteger os direitos das pessoas com deficiência. Todo ser
humano tem direito a uma vida digna!
O texto abaixo, de Claudia Grabois*, foi extraído do site Bengala Legal. Excelente site, RECOMENDO!
Cidadania Não é Sonho!
De
fato, quando falamos em inclusão de pessoas com deficiência, muitos
ainda relacionam o assunto a pena, migalhas e caridade. Talvez seja um
ranço próprio da educação, que ensinava os filhos, quando muito, a
enxergarem pessoas com deficiência como sujeitos para compaixão por
parte daqueles que eram “perfeitos e normais” aos olhos da sociedade.
Foram
centenas de anos de isolamento, exclusão e invisibilidade e este quadro
não mudará facilmente, pois em 2009, a despeito das leis que favorecem a
inclusão, ainda continua a mesma situação. Cada criança que nasce e
cada pessoa que se torna deficiente marca o início de uma nova luta pelo
reconhecimento, pela aceitação e pela dignidade humana.
Os meios
de comunicação não favorecem, pois as induções e linguagens
inapropriadas fazem com que a segregação siga o seu curso e contribua
para a continuidade do preconceito e, por consequência, da
discriminação.
As pessoas com deficiência e suas famílias precisam
assumir o papel de protagonistas de suas próprias histórias e escolher
em que modelo social pretendem viver e fazer com que se torne realidade.
De
nada adiantam leis que não são reconhecidas de fato pelos principais
interessados. Nossas leis falam em reconhecimento, autonomia, direitos
iguais, modelo social, inserção laboral, direitos e deveres,
acessibilidade, inclusão, educação inclusiva e criminalizam a
discriminação. A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
que foi ratificada chega para reforçar e definir a escolha pelo caminho
da inclusão e da dignidade humana.
De fato existe uma militância
ativa, que busca os direitos de todos, mas a pergunta é se os demais
interessados estão acompanhando e vivenciando estas mudanças e, mais
ainda, se reconhecem a si mesmos como sujeitos desta história de lutas
pelos direitos humanos das pessoas com deficiência.
A despeito de
todas as leis que existem e virão a existir, pessoas com deficiência só
deixarão de ser invisíveis se forem vistas como protagonistas e não como
coadjuvantes na medida em que se sentirem cidadãos merecedores da
cidadania e à medida que se reconhecerem no outro, seja ele com ou sem
deficiência. O reconhecimento do que se é, livre de barreiras pessoais,
livre do autopreconceito e da não aceitação dos que os cercam produz o
sujeito pleno de direitos.
O questionamento começa em como agiriam
as pessoas que têm deficiência ou têm filhos com deficiência se não os
tivessem. Teriam preconceitos? Será que muitos mesmo que não saibam
ainda têm? Será que reconhecemos de fato pessoas com deficiência como
cidadãos plenos, como protagonistas?
A questão é se queremos
inclusão e acessibilidade plenas, se acreditamos de verdade que pessoas
com deficiência são pessoas, se fazem parte da diversidade composta por
pessoas com e sem deficiência, ser baixas, gordas, altas, usar óculos,
loiras, morenas, de religiões variadas ou ateus e muitas outras
características que só gente tem.
Bem, é para pensar no que
queremos e em que acreditamos, mas se é a inclusão o que queremos, então
vamos lutar por ela, lutar para que se torne realidade. Não é nada
fácil, mas nunca foi tão possível, basta querer, acreditar e ousar para
si mesmo (19/09/2009).
*Membro da Comissão de Dreitos Humanos e
Assistência Judiciária (CDHAJ) da OAB/RJ, Portal Inclusão Já! e Rede
Inclusiva / Direitos Humanos – Brasil