27 de janeiro de 2013 Comments

Síndrome de Tourette

Movimentos involuntários dos músculos da face são muito comuns em quem tem a síndrome.
Síndrome de Tourette é um distúrbio neuropsiquiátrico caracterizado por tiques múltiplos, motores ou vocais, que persistem por mais de um ano e geralmente se instalam na infância.
 
Na maioria das vezes, os tiques são de tipos diferentes e variam no decorrer de uma semana ou de um mês para outro. Em geral, eles ocorrem em ondas, com frequência e intensidade variáveis, pioram com o estresse, são independentes dos problemas emocionais e podem estar associados a sintomas obsessivo-compulsivos (TOC) e ao distúrbio de atenção e hiperatividade (TDAH). É possível que existam fatores hereditários comuns a essas três condições. A causa do transtorno ainda é desconhecida.
 
Sintomas
 
Em 80% dos casos, os tiques motores são a manifestação inicial da síndrome. Eles incluem piscar, franzir a testa, contrair os músculos da face, balançar a cabeça, contrair em trancos os músculos abdominais ou outros grupos musculares, além de movimentos mais complexos que parecem propositais, como tocar ou bater nos objetos próximos.
 
São típicos dos tiques vocais os ruídos não articulados, tais como tossir, fungar ou limpar a garganta, e outros em que ocorre emissão parcial ou completa de palavras.
 
Em menos de 50% dos casos, estão presentes o uso involuntário de palavras (coprolalia) e gestos (copropraxia) obscenos, a formulação de insultos, a repetição de um som, palavra ou frase dita por outra pessoa (ecolalia).
 
Diagnóstico
 
O diagnóstico da síndrome de Tourette é essencialmente clínico e deve obedecer aos seguintes critérios: 1) tiques motores múltiplos e um ou mais tiques vocais devem manifestar-se durante algum tempo, mas não necessariamente ao mesmo tempo; 2) os tiques devem ocorrer diversas vezes por dia (geralmente em salva), quase todos os dias ou intermitentemente por um período de pelo menos três meses consecutivos; 3) o quadro deve começar antes dos 18 anos de idade.
 
Tratamento
 
A síndrome de Tourette é uma desordem que não tem cura, mas pode ser controlada. Estudos clínicos têm demonstrado a utilidade de uma forma de terapia comportamental cognitiva, conhecida como tratamento de reversão de hábitos. Ela se baseia no treinamento dos pacientes para que monitorem as sensações premonitórias e os tiques, com a finalidade de responder a eles com uma reação voluntária fisicamente incompatível com o tique.
 
Medicamentos antipsicóticos têm se mostrado úteis na redução da intensidade dos tiques, quando sua repetição se reverte em prejuízo para a autoestima e aceitação social. Em alguns casos de tiques bem localizados, podem ser tentadas aplicações locais de toxina botulínica (botox). Alguns autores defendem que, excepcionalmente, pode ser indicado o tratamento cirúrgico com estimulação cerebral profunda, aplicada em certas áreas do cérebro.
 
Recomendações
 
* Não adie a consulta ao médico, se notar que seu filho apresenta alguma forma de movimentos involuntários. Especialmente nas fases iniciais da vida, os portadores precisam de tratamento e não de repreensão.
 
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Menino de 5 anos é os olhos dos pais que nasceram cegos

Na praça Pantaneira, em Campo Grande, ao lado da estátua de um tamanduá bandeira, Jocelino Aparecido segura a mão de Pedro Miguel, que já havia se empoleirado em cima da réplica do bicho, e pergunta:
 
- Cadê a cabeça dele?
 
- Está aqui, respondeu o menino, guiando-o à parte inferior da escultura.
 
- Tem a cabeça baixa, né?
 
- É que ele está pegando formigas, respondeu o garoto.
 
- Humm… Agora me leva para tirar foto em outro lugar.
 
Após alguns passos, Pedro pára em frente à outra obra construída na mesma praça, resolve subir em cima dela e, guiando Jocelino, avisa:
 
- Olha o jacaré!
 
- É a orelha dele?, questionou o pai, ao tocar no objeto.
 
- Não. É o olho.
 
Pedro Miguel é quem ajuda Jocelino e Eva atravessarem a rua. (Foto: Rodrigo Pazinato)
O diálogo inocente, entre pai e filho, deixa em evidência a principal diferença entre eles: a visão. Desde que nasceu, há 5 anos, Pedro Miguel Ortiz, se tornou os olhos dos pais, que são cegos.
 
Mãe do garoto, a pedagoga Eva Aparecida Ortiz, de 40 anos, nunca enxergou por conta da catarata congenita. Já o pai, o auxiliar de radiologia Jocelino Aparecido Martins, de 41 anos, perdeu a visão em decorrência de uma atrofia no nervo óptico.
 
A vida, para eles, sempre foi decidida no tato, olfato, audição e paladar. Com o nascimento de Pedro, após 7 anos de tentativas, o 5º sentido não voltou, mas a rotina mudou bastante, não pela limitação física, mas pelos cuidados que toda criança requer.
 
Para quem enxerga, explicou Eva Aparecida, é praticamente impossível acreditar que um casal de cegos possa ter filhos, mas a maternidade, para ela, foi algo natural.


Em cima da escultura, Pedro explica ao pai que o tamanduá está comendo formigas.
(Foto: Rodrigo Pazinato)
“Já tinha feito aulas de AVD [Atividades da Vida Diária]”, disse, acrescentando que o curso, ministrado no Ismac (Instituto Sul-Mato-Grossense para Cegos Florisvaldo Vargas), ajudou na lida com o filho recém-nascido.
 
Para cuidar de Pedro Miguel, os “truques” foram indispensáveis. São dicas que vão desde os cuidados com a higiene à aplicação dosagens de medicamentos.
 
“A gente aprende alguns segredinhos. Para saber se a fralda está com xixi eu apertava. Quando o choro era intenso eu percebia que era de dor, mas isso é com todo bebê. Para dar remédios a gente pinga no copo para ouvir o barulho”, exemplificou.
 
Jocelino concorda com a esposa e diz, sem medo de errar, que a paternidade, para ele, também foi um processo natural. O máximo que precisou foi da ajuda da sogra, apenas por alguns dias, como acontece com a maioria dos casais.
 
Hoje, o auxiliar de radiologia e a esposa cuidam sozinhos de Pedro Miguel. O menino, que estuda em uma escola particular no centro Campo Grande, sabe que os pais não enxergam, mas a deficiência se tornou apenas um detalhe, que não atrapalha em nada o relacionamento familiar. Um detalhe que ele sempre está explicando aos coleguinhas.
 
“Alguns falam assim: ‘como eles tomam banho?’ Eu falei: ‘Eles sabem’. ‘Mas e como eles se ensaboam’? ‘Ah… Isso eu não sei’”, contou.
 
As travessuras do menino, que vive mostrando a língua e fazendo caretas para quem encontra na rua, tiram os pais do sério, mas ao mesmo tempo acabam aguçando a curiosidade deles, que nunca viram a luz do sol.
 
“Eu percebi, depois que tive ele, que o visual conta muito. Nas ruas ele contagia as pessoas. O verdadeiro contato visual eu fui ter com ele. Fiquei fascinada. Meu Deus! Essa visão é muito importante”, disse a mãe.
 
Pedro Miguel, aos 5 anos, é quem guia a pedagoga e o auxiliar de radiologia por todos os cantos da cidade. Quando sobe no ônibus e vê alguém sentando nos bancos reservados, trata logo de dizer que os lugares são de Eva e Jocenildo.
 
A mãe, Eva Aparecida Ortiz, está sempre chamando a atenção do garoto, que é muito sapeca.
(Foto: Rodrigo Pazinato)
Na hora de atravessar a rua, o menino, mesmo levado, presta atenção no movimento dos carros. Não foi preciso dizer muita coisa para que ele entendesse que os pais eram deficientes visuais, mas nem por isso Pedro arrisca desobedecer as ordens dos dois.
 
“Às vezes ele pergunta: a senhora vê? ‘Não, eu não vejo, mas os meus olhos estão nos ouvidos, nas mãos”, comentou a mãe.

 Apesar da disciplina rígida, comum entre pais cegos, Jocenildo e Eva tomam cuidado para não sobrecarregar o garoto. Antes, se caia alguma coisa em casa, era ele quem pegava. Hoje, isso já não acontece.
 
“Não quero que nossa deficiência seja um fardo para ele”, justificou Eva, ao comentar que a sociedade cobra mais de pais cegos.
 
Jocenildo e esposa nunca viram o rosto do filho, mas imaginam, pelo contato, como é o garoto. “Eu imagino que ele não é tão gordo e tem o rosto semelhante ao meu, mas é mais moreno. Ele é muito fofo, bochechudinho”, descreveu a pedagoga.
 
Jocenildo, que é mais calado, também imagina que Pedro Miguel não seja “tão gordo”, mas é cheinho. “Ele ta ficando bem altinho. O cabelo e liso porque eu sempre toco”, disse.
 
Para Eva, a gestação foi um sonho realizado. Para Jocenildo, o nascimento do único filho representa uma conquista. “Ele preenche o vazio que a gente tinha”, disse.
 
 
26 de janeiro de 2013 Comments

Turma da Mônica publica edição especial sobre acessibilidade

O gibi reúne personagens com deficiência e a conhecida turma da Mônica para mostrar como a acessibilidade pode transformar uma comunidade
 
da Redação
 
Os participantes da 3º Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, que aconteceu entre os dias 3 e 6 de dezembro de 2012, foram contemplados com uma edição da revista em quadrinhos “Turma da Mônica” sobre o tema da acessibilidade. O gibi reúne personagens com deficiência e a conhecida turma formada por Mônica, Cebolinha, Magali, Cascão para mostrar como a acessibilidade pode transformar uma comunidade.
 
Segundo o autor Maurício de Souza, um personagem com deficiência já havia sido criado no passado. O amiguinho da turma usava muletas e apareceu em algumas histórias. Depois, surgiu o cadeirante Luca.
 
Maurício conta que o convite para criar uma revista sobre acessibilidade trouxe uma responsabilidade muito grande, ao traduzir um tema complexo para uma linguagem que uma criança pudesse entender. Depois, entretanto, o sentimento foi de satisfação ao poder usar o carisma de seus personagens em prol de uma campanha tão importante.
 
“A turma da Mônica é um grupo de personagens que vive e age como nossos filhos ou conhecidos, e todos nós temos amigos com algum tipo de deficiência, num convívio harmônico e dinâmico. Aprendemos as regras da inclusão aí. Consequentemente, não poderíamos deixar de apresentar, no universo dos nossos personagens, amiguinhos da turma que também tivessem deficiências. Até acho que demorei muito para perceber esse vazio nas nossas histórias”, explica Maurício.
 
Inspirações

 O autor conta que, para criar o cadeirante Luca, conversou com atletas paraolímpicos. “Foi uma descoberta e uma alegria. Eles são entusiasmados, alegres, espertos e inteligentes, com a moral lá em cima. Foi fácil transpor esse clima para os personagens” afirma.
 
Para Dorinha, uma menina cega, Maurício buscou referência em D. Dorina Nowill, da fundação que leva o mesmo nome, uma mulher “líder, de inteligência brilhante, sem preconceitos, elegante, preocupada com a causa dos cegos”.
 
Já o autista André nasceu de um estudo que o autor fez para uma campanha. ”Saiu de uma revistinha muito gostosa que serve pra muita gente entender um pouco melhor o autismo e suas diversas manifestações”, ressalta.
 

Referência: Rede Saci
22 de janeiro de 2013 Comments

Software ajuda pessoas com deficiência visual a identificar produtos

 
 
A tarefa de fazer compras, escolher produtos e melhores preços pode ficar mais fácil para as pessoas com deficiência visual.Um estudante da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), no Vale do Rio Pardo, desenvolveu um software capaz de ler códigos de barras, fornecendo informações sobre os produtos em áudio.

 O softwa...re foi desenvolvido como trabalho final do curso de Ciência da Computação pelo então acadêmico Evandro Rodrigues, 26 anos.Há algumas semanas, no fim de 2012, a patente foi registrada como tecnologia assistiva. 


 – Eu já tinha intenção de trabalhar em algo que pudesse ajudar pessoas com deficiência. Aí um funcionário da Unisc, que tem deficiência visual, falou da dificuldade que tinha de fazer coisas simples, como ir ao supermercado. Então, surgiu a ideia de desenvolver o software – conta Rodrigues, que se formou no início do ano e atualmente é estudante do mestrado em Sistemas e Processos Industriais, na Unisc.

 Orientador do trabalho, o professor Rolf Fredi Molz vê na falta de estrutura adequada de lojas um complicador para pessoas com deficiência identificarem diferentes produtos na hora da compra.

 – Um odorizador de ambiente e um inseticida têm frascos praticamente idênticos, porém, com finalidades totalmente diferentes – exemplifica o professor.

 Molz ainda afirma que a inovação pode trazer benefícios não só no momento da compra, garantindo mais autonomia e independência a quem tem deficiência visual:

 – Com o produto cadastrado, a pessoa pode usar o programa para identificar um item que esteja no armário da sua casa e até verificar a validade, evitando possíveis riscos.

 O software já foi testado em notebooks e avalizado por pessoas com deficiência visual, mas ainda não tem previsão de lançamento. Rodrigues trabalha na portabilidade do sistema para dispositivos móveis. Depois disso, estuda abrir uma empresa para levar o projeto ao mercado. Lauro Mainardi Junior, diretor da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Santa Cruz do Sul, elogia a iniciativa.

 Segundo o diretor, o dispositivo só tem a agregar no comércio local. No entanto, pondera que a implementação pode esbarrar no setor financeiro:

 – Muitas vezes, existem tecnologias disponíveis, mas os lojistas não têm condições de oferecê-las aos clientes. Mas, se (o serviço) for de preço acessível, com certeza vai ser muito bem-vindo – afirma Mainardi Junior.

A tarefa de fazer compras, escolher produtos e melhores preços pode ficar mais fácil para as pessoas com deficiência visual.Um estudante da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), no Vale do Rio Pardo, desenvolveu um software capaz de ler códigos de barras, fornecendo informações sobre os produtos em áudio.

O softwa...re foi desenvolvido como trabalho final do curso de Ciência da Computação pelo então acadêmico Evandro Rodrigues, 26 anos.Há algumas semanas, no fim de 2012, a patente foi registrada como tecnologia assistiva.
 
– Eu já tinha intenção de trabalhar em algo que pudesse ajudar pessoas com deficiência. Aí um funcionário da Unisc, que tem deficiência visual, falou da dificuldade que tinha de fazer coisas simples, como ir ao supermercado. Então, surgiu a ideia de desenvolver o software – conta Rodrigues, que se formou no início do ano e atualmente é estudante do mestrado em Sistemas e Processos Industriais, na Unisc.

 Orientador do trabalho, o professor Rolf Fredi Molz vê na falta de estrutura adequada de lojas um complicador para pessoas com deficiência identificarem diferentes produtos na hora da compra.

– Um odorizador de ambiente e um inseticida têm frascos praticamente idênticos, porém, com finalidades totalmente diferentes – exemplifica o professor.

 Molz ainda afirma que a inovação pode trazer benefícios não só no momento da compra, garantindo mais autonomia e independência a quem tem deficiência visual:

 – Com o produto cadastrado, a pessoa pode usar o programa para identificar um item que esteja no armário da sua casa e até verificar a validade, evitando possíveis riscos.

 O software já foi testado em notebooks e avalizado por pessoas com deficiência visual, mas ainda não tem previsão de lançamento. Rodrigues trabalha na portabilidade do sistema para dispositivos móveis. Depois disso, estuda abrir uma empresa para levar o projeto ao mercado. Lauro Mainardi Junior, diretor da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Santa Cruz do Sul, elogia a iniciativa.

 Segundo o diretor, o dispositivo só tem a agregar no comércio local. No entanto, pondera que a implementação pode esbarrar no setor financeiro:

 – Muitas vezes, existem tecnologias disponíveis, mas os lojistas não têm condições de oferecê-las aos clientes. Mas, se (o serviço) for de preço acessível, com certeza vai ser muito bem-vindo – afirma Mainardi Junior.

Fonte: Jornal Inclusão Brasil
 
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