19 de julho de 2012 Comments

Pai cria programa para se comunicar com filha que tem paralisia cerebral


Mais de 12 mil figuras, um programa de voz e um repertório ilimitado de frases e situações do dia a dia conectaram a pequena Clara com as pessoas e com a vida. É como se ela falasse através do tablet.





A tecnologia também pode ajudar pacientes com dificuldades de comunicação. Ainda mais quando o amor motiva novas descobertas. Aconteceu no Recife, Pernambuco.
Um amor sem limites: Carlos é pai de Clara, de 4 anos, que tem paralisia cerebral. Analista de sistemas, ele usou o conhecimento e a persistência para transformar a tecnologia em uma aliada da menina.
Ele criou um programa de computador para tablets e celulares que permite a comunicação com a filha: o Liberdade em Voz Alta.
“A necessidade que a gente tem de conversar, que eu tinha de conversar com a minha filha é muito grande. Algumas pessoas que têm pacientes ou familiares que não falam às vezes se acostumam, pelo fato deles não falarem, mas eu acho que a gente não pode se acostumar”, diz Carlos Pereira.
Mais de 12 mil figuras, um programa de voz e um repertório ilimitado de frases e situações do dia a dia conectaram a pequena Clara com as pessoas e com a vida. É como se ela falasse através do tablet.
A comunicação está ao alcance de um toque na tela. O programa permite muito mais: a criança pode dizer se está com dor, como foi o dia na escola, e o que deseja comer.
“A gente quer ir mais além, produzir talvez em escolas, para ter uma inclusão dessas pessoas dentro da sociedade”, conta a mãe de Clara, Aline Pereira.
Thaís não fala, e ganhou mais autonomia. Ela consegue expressar tudo que deseja.
“Acho que a comunicação traz muita independência para ela. Dentro de casa ela faz os gestos e a gente compreende”, conta a mãe de Thaís.
A família Pereira decidiu que vai compartilhar o sistema de graça pela internet com todos os pacientes que precisam desse tipo de ajuda. Para mais informações, acesse o site do aplicativo 
Veja também neste blog: 

Fonte: BOM DIA BRASIL 
17 de julho de 2012 Comments

Software facilita a alfabetização de estudantes com síndrome de Down


O programa é inédito e surgiu a partir do projeto de conclusão de curso de dois estudantes da UNB. O software ensina também a usar as redes sociais.


Em Brasília tem novidade na área de tecnologia. Em breve, a experiência pode chegar a todo Brasil e, talvez, a Portugal.
É um programa desenvolvido por dois alunos do departamento de computação da Universidade de Brasília. Para facilitar a alfabetização de estudantes com síndrome de Down e deficiência de aprendizagem.
O rapaz que aparece no vídeo tem síndrome de Down. Ele é o orientador virtual do programa "Participar", feito para pessoas com deficiências de aprendizagem. O objetivo é ensinar esses estudantes, com mais de catorze anos, a usar o computador e a internet.
“Nós temos cerca de 600 vídeos, que compõem esse software. Uma parte deles é de comando. por exemplo, que diz que a pessoa não acertou a palavra ou não acertou a letra. Por outro lado se ela acertou. parabeniza a pessoa. Conduz a próxima lição”, explica o professor.
O programa é inédito e surgiu a partir do projeto de conclusão de curso de dois estudantes da UNB.
“Foi uma sensação muito boa ver que a gente estava ajudando pessoas, ver que a gente estava usando o que a gente aprendeu na faculdade para fazer algo bom para ajudar alguém. Foi muito legal mesmo”, conta o estudante Tiago Freire.
O programa ensina também a usar as redes sociais. Ele simula, por exemplo, uma sala de bate papo. Tonico, que é o ator dos vídeos explicativos, conversa com o aluno.
Foram três semanas em estúdio. Os vídeos foram gravados com portadores de síndrome de Down para que os alunos se identificassem com o conteúdo. A educadora Kelly Assunção já usou o software em sala de aula.
“Eles ficaram emocionados por ter um igual a eles dando os comandos. Eles comentavam: ‘Poxa, professora, se ele conseguiu eu também consigo, não é?’. Claro que vai conseguir. Nós já podemos dizer que temos resultados. Nós já temos alunos que não reconheciam letras e eles já reconhecem as letras. Eles já conseguem obedecer o comando. passar pra próxima lição. Isso pra nós é um avanço muito grande”, comenta a professora da APAE.
No Distrito Federal, os 13 centros de ensino especial da rede pública já tem o programa.
Fonte: g1.globo.com
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Petropolitano eleito o Melhor Professor do Ano nos EUA


Programa de inclusão para crianças utiliza os sentidos para que o aprendizado faça sentido
O petropolitano Alexandre Lopes recebeu, na noite da última quinta-feira (12), o título de “Melhor Professor do Ano da Flórida 2013” (Florida Teacher of the Year 2013), em cerimônia de gala no Hard Rock Live nos estúdios da Universal (Universal Studios) em Orlando, em evento promovido pela loja de departamentos Macy’s e pelo Departamento de Educação da Flórida. O professor concorreu com 180 mil professores do Estado e cinco finalistas.
Alexandre criou um programa de inclusão para crianças com e sem autismo. Sua filosofia educacional consiste em utilizar os sentidos para fazer com que o aprendizado faça sentido.  Esse é um dos muitos segredos do professor para atingir o sucesso com seus alunos na “Escola Carol City”, em Miami. Em sua técnica, além do amor e dedicação, utiliza a música cantada e tocada e o pronunciamento de palavras por etapas, levando seus alunos a aprenderem com a prática sendo parte deles portadores do espectro autista. Em suas aulas geralmente sentam-se todos no chão onde professor e alunos desfrutam de um prazeroso aprendizado.
“Não tenho palavras para descrever o que sinto com esta premiação. É um momento mágico”, declarou Alexandre.
O superintendente de Educação no Condado de Miami-Dade, Alberto Carvalho, considera o professor realmente mágico: “O tema dessa competição foi mágico e Alexandre decididamente está um passo à frente, ele faz mágica na sua sala de aula diariamente, compartilhando seu talento maravilhoso com crianças que têm alguma deficiência e se beneficiam dessa mágica que ele traz”, disse Alberto.
Entre os prêmios, o professor recebeu US$10 mil e uma viagem com três acompanhantes para a famosa parada de Ação de Graças (Thanksgiving), em Nova York em novembro. Mas, a maior emoção para Alexander foi ter presente Enir Lopes, seu pai, que foi aos EUA para prestigiar o filho em um momento tão feliz e importante em sua carreira.
Ao receber o prêmio, Alexandre agradeceu a todos, principalmente seus alunos, aos quais chamou de “os pequenos sonhadores que tornaram realidade o sonho desse brasileiro”, e disse, em português, “muito, muito obrigado”.
Alexandre também sustentará  o título de “Embaixador da Educação” em toda a Flórida por um ano, viajando por todo o Estado ensinando o programa que criou a outros educadores.

4 de julho de 2012 Comments

DE UM OUTRO OLHAR SOBRE A DEFICIÊNCIA


Mulher sem deficiência faz perguntas ao acompanhante de uma moça cadeirante
(Cartunista Ricardo  Ferraz)

O interessante artigo abaixo, foi extraído do site Escola Brasileira de Psicanálise.
Por Kristell Jeannot
Um de meus próximos é deficiente, ele é deficiente físico1.
Eu vivi diariamente ao seu lado durante vinte anos, e pude constatar o olhar que as pessoas colocavam sobre ele nos lugares públicos, os seus comportamentos em relação ao seu olhar. Eu pude ler a repugnância sobre o rosto de alguns passantes, também o medo, quando alguns se afastavam, para longe, para não tocar no meu irmão, como se acreditassem em ser contaminados! Sempre o olhar, o olhar inocente, impedindo o anonimato repousado da identificação entre os pares de uma mesma sociedade, atraído pela diferença física de meu irmão, acomodado, sentado dentro de uma concha.
Veem-se assim poucas pessoas deficientes nas ruas!
É verdade que muitos estão realocados nos centros especializados. Nestes lugares, eles são alimentados, acomodados e ocupados pelas atividades in situ, então, por que sair?
É verdade que as pessoas deficientes são poucas, e mesmo jamais presentes nos órgãos representantes de nossa sociedade, semelhantemente, na televisão.
Porém, nossa sociedade se agarra no dia anual do Téléthon, onde convivem estrelas e pessoas em cadeira de rodas. É lamentável que este único significante, “deficiente”, termine por recobrir o ser destas pessoas.
Ao lado do meu irmão, diante de certos olhares, eu senti cólera e vontade de ir embora, de se comunicar com as pessoas para dar um testemunho sobre a vida de meu irmão, e de lhe perguntar sobre o que lhes provocavam medo, pois é disto que se trata: a diferença, até mesmo o desconhecido lhes provoca medo. Ou então esses passantes reencontravam nele a castração incarnada, a condição humana, em suma, frágil, podendo se estragar ou se quebrar através de um reencontro contingente com o real. É próprio do Homem não querer saber nada da sua condição mortal. Isto se chama recalque.
Esconder esta deficiência como eu não soubera ver!
A propósito, meu irmão, logo que cresceu, atravessou um período onde não queria mais sair, ou, logo que saía, baixava a cabeça. Ele tinha vergonha. Ele estava triste. Apoiado por seus próximos, ele conseguiu atravessar esta fase. Ele ignorava os olhares, os olhares que vinham interpretar seu estado sem o conhecer.
O real de sua deficiência está duplicado, pela interpretação de sua situação que lhe é reenviada pela sociedade, através do seu olhar e da sua maneira – eu falo de modo geral – de definir suas prioridades, o sustento das pessoas em situação de deficiência: assistir, antes de tornar acessível. Sim, é necessário mudar o olhar sobre a deficiência, privilegiando as capacidades destas pessoas.
Eu reencontrei com ele as dificuldades, até mesmo os impasses de simplesmente circular na cidade, quero dizer, em uma grande cidade. O real, meu irmão o vê diariamente. Isso se inicia ao despertar: ele não pode se levantar sozinho, ir aos banheiros sozinhos, se alimentar sozinho. É necessária outra pessoa, um ajudante para ele poder viver. Eu não me ocupei fisicamente de meu irmão. Eu era a sua irmã, mas por ocasião de meus estudos, trabalhei como assistente de vida no seio da Associação dos Paralisados da França. Enquanto profissional, eu pude constatar três pontos importantes:
  • O luto impossível diante de um funcionamento ideal do corpo transmitido por nossa norma social.
  • A insuportável dependência do Outro. Eu me perguntei sobre qual seria o melhor modo de oferecer a independência a estas pessoas que eu acompanhava. Uma questão crucial, inscrita no coração da constituição subjetiva do sujeito no processo de alienação-separação. Um sujeito para existir, depois que se fixou ao Outro2, deve se desprender dele, ou mais precisamente, subjetivar a sua vida. Em uma situação comum isto não é evidente, vejam o período da adolescência, mas numa relação de dependência factual ao Outro a questão se coloca sobre a possibilidade de uma passagem da condição de ser o “objeto” assistido pelo Outro, para ser um sujeito, um sujeito que é e que a, que eventualmente pode ser produtivo. Aqui, faço referência à dimensão do ter, qualidade extremamente investida na nossa sociedade.
  • Um risco de um deslizamento do sujeito, se tornando ainda mais dependente do que ele é, recobrindo uma falta afetiva, uma necessidade afetiva do Outro, que se manifesta por uma demanda de assistência de pessoas frequentemente isoladas socialmente.
Eu sou, por outro lado, psicóloga. Trabalhei em um dispositivo criado pelo Conselho Geral chamado “Acesso aos cuidados psicológicos para pessoas em situação de precariedade”, no qual acompanhei adultos geralmente psicóticos, às vezes reconhecidos como deficientes, e igualmente trabalhei no seio do que se chamava na época um CATTP, nos serviços de psiquiatria. Atualmente acompanho, na minha prática clínica, crianças e adolescentes autistas, psicóticos, ou apresentando algum retardo mental, qualificados em um estabelecimento pelo termo “deficiente”, e através de uma prática clínica liberal. Em relação aos pais das crianças deficientes, posso diferenciar dois tipos de acolhimento:
  • O consolo de serem reconhecidos pelo Outro social nas suas dificuldades. Assim, os pais no IME são reconhecidos nos seus limites e nas suas dificuldades em cuidar de seus filhos. Depois desta nominação, seus filhos são identificados pelo Outro social e então são tomados a cargo pelas estruturas especializadas, e recebem auxílio financeiro necessário para a vida cotidiana. É preciso não esquecer, de fato, os negócios ligados à deficiência: o custo adicional do material (poltrona, proteções urinárias, adaptação do alojamento, e aquele do veículo, etc.), indo além da incapacidade de subvencionar as suas necessidades;
  • A vergonha, a rejeição que recebi quando do anúncio desta nominação, dos adultos e das crianças, ou daqueles que acompanhei, no caso de uma deficiência psíquica. Isso os importuna pelo simples não reconhecimento da dificuldade. Entre eles, alguns me dão testemunham do aspecto “pejorativo” deste termo – que recebem como tal e, até mesmo, a incompreensão sobre o seu sentido. O termo “deficiente” vem do Outro, é um termo “universalizante”, um significante mestre, como se denomina na psicanálise, que recobre uma multiplicidade de dificuldades singulares e se mostra necessário para “subjetivar” o sujeito, para encontrar nele uma definição pessoal, associada ao que ele ressente como sendo “sua” dificuldade. Cada pessoa em situação de deficiência vai sentir sua vida, seu corpo, de maneira singular. É importante não menosprezar o poder de um significante, que nomeia um estado, um ser, que o representa, mas que fecha também aquele que aí está afetado. Este termo fatídico “deficiência” é praticado pelo aparelho burocrático para estruturar o acompanhamento destas pessoas, mas é importante não esquecer seu efeito segregativo sobre a sociedade, deixando difícil a invenção da identidade pelos sujeitos ditos “deficientes”. Como eles gostariam de ser apresentados, por quais significantes desejariam ser reconhecidos? Um modo completamente diferente seria percebê-los sobre o dia da diferença e das dificuldades, tomados um por um.
Em vez de sentir piedade e empatia, em vez de lhes darem uma vida pensada pela sociedade, eu gostaria que a gente deixasse de uma vez por todas a nossa parafernália do (bem)-pensentido, e que a gente se esforçasse para compreender seu olhar sobre o mundo, em descobrir as suas ideias, para que este mundo, onde nós os deixamos impotentes, possa se tornar, para todos, o nosso mundo.



1. Ele é doente motor cerebral, devido a um acidente no seu nascimento.
2. Por exemplo, que isto não seja lógico: o sujeito autista é um sujeito que não está fixado ao Outro. Ele se mantém a distância do Outro, no seu corpo, se recusando, às vezes, em ser tocado, e na sua língua, restando, às vezes, mudo.
 
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