Caro leitor, esta reportagem de Angela Chagas foi retirada do
site Terra.
Ser aprovado em uma faculdade
pública é um sonho de muitos jovens que se tornou realidade para Kallil Assis
Tavares, 21 anos, que na próxima segunda-feira começa a estudar geografia no
campus de Jataí da Universidade de Goiás (UFG). Para a instituição, a conquista
de Kallil é ainda mais importante e precisa ser reverenciada, já que ele é o
primeiro aluno com Síndrome de Down a ingressar na universidade. "Isso
demonstra que nós estamos conseguindo superar o preconceito, que infelizmente
ainda existe em nossa sociedade", afirma a coordenadora do Núcleo de
Acessibilidade da UFG, professora Dulce Barros de Almeida.
Kallil não teve correção
diferenciada, concorreu de igual para igual com todos os outros candidatos.
"Apenas pedimos para que a universidade disponibilizasse um monitor para
ler a prova e que as letras dos textos fossem maiores porque ele tem baixa
visão", disse a mãe do jovem, Eunice Tavares Silveira Lima. Segundo ela,
Kallil sempre foi estudioso e desde criança gostava de mapas.
"No segundo ano do ensino
médio ele decidiu que iria fazer vestibular para geografia. Nós apoiamos a
escolha, mas ficamos surpresos com a aprovação, era uma prova muito
difícil", afirmou Eunice. Ela ainda disse que o filho estudou apenas dois
anos em uma escola especial. Com 5 anos de idade ele foi para um colégio
privado de ensino regular. "O colégio não tinha nenhum aluno com Down, mas
quando há vontade de se trabalhar a inclusão, se dá um jeito. Foi
disponibilizado um monitor e os professores sempre apoiaram meu filho",
conta.
Ela acredita que o fato de
Kallil ter estudado em uma escola regular vai contribuir com a adaptação na
universidade. "Não sou contra as escolas especiais, mas elas devem servir
como um apoio, um lugar para onde os alunos vão no contraturno", explica.
A mãe ainda disse que não cria expectativas sobre como será o desempenho dele
daqui em diante. "Não estamos programando nada especial para o Kallil
quando começar as aulas. De acordo com as necessidades que ele apresentar, nós
como família e a universidade teremos de nos adaptar", disse ao destacar
que o filho pode precisar do auxílio de um monitor durante as atividades em
aula.
A coordenadora do Núcleo de
Acessibilidade da UFG concorda sobre a importância de alunos com necessidades
especiais frequentarem escolas regulares e diz que a universidade tem a
obrigação de atender todas as exigências desses estudantes para que eles
cumpram com o direito de fazer um curso superior. "Nós temos um aluno cego
no curso de Ciência da Computação que recebe acompanhamento de um monitor. Se
essa for a necessidade de Kallil, com certeza estaremos prontos para
disponibilizar isso".
O núcleo para atender alunos
com necessidades especiais na UFG foi criado em 2010. De lá para cá, a
instituição ganhou 15 estudantes surdos, que fazem o curso de Letras, além do
jovem cego. A professora Dulce espera que o caso de Kallil sirva de exemplo
para que nas próximas seleções mais estudantes com necessidades semelhantes
sintam-se motivados em fazer um curso superior. "Isso incentiva as famílias
a acreditar no potencial que essas pessoas têm. E cabe a nós, como educadores,
mostrar que o preconceito não pode existir mais", completa.
O jovem foi aprovado em geografia na Universidade Federal de Goiás (UFG)
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Kallil fez o ensino médio e fundamental em uma escola regular e sempre gostou de mapas |
Fonte: Terra