Todo 2 de abril comemora-se o Dia
Mundial da Conscientização do Autismo, data decretada pela ONU (Organização das
Nações Unidas), desde 2008, pedindo mais atenção ao transtorno do espectro
autista (nome "oficial" do autismo), cuja incidência em crianças é mais
comum e maior do que a soma dos casos de AIDS, câncer e diabetes juntos. No
Brasil estima-se que tenhamos 2 milhões de autistas, mais da metade ainda sem
diagnóstico.
O Brasil fez o maior evento de sua
história para a data no ano passado (2011) em todos os Estados. E agora, em
2012, repete-se com ainda mais força, monumentos serão iluminados de azul na
data, como o Cristo Redentor (no Rio de Janeiro), a Ponte Estaiada, o Viaduto
do Chá, o Monumento à Bandeira, a Fiesp e a Assembleia Legislativa (em São
Paulo), a torre da Unisa do Gasômetro (em Porto Alegre), o prédio do Ministério
da Saúde (em Brasília) e muitos outros locais (veja a lista completa em http://RevistaAutismo.com.br/DiaMundial. No mundo
estarão iluminados também vários cartões-postais, como o Empire State Building
(nos Estados Unidos), a CN Tower (no Canadá) entre outros — é o movimento mundial
chamado "Light It Up Blue", iniciado pelos estadunidenses. O azul foi
definido como a cor símbolo do autismo, porque a síndrome é mais comum nos
meninos — na proporção de quatro meninos para cada menina. A ideia é iluminar
pontos importantes do planeta na cor azul para chamar a atenção da sociedade,
poder falar sobre autismo e levantar a discussão a respeito dessa complexa
síndrome. O logo brasileiro do "Dia A", adaptado pelo publicitário
Martim Fanucchi sobre a arte do logo oficial, assim como o cartaz e o vídeo da
campanha estão disponíveis no site RevistaAutismo.com.br/DiaMundial,
página oficial do evento no Brasil. Martim é editor de Arte da única revista a
respeito dessa síndrome na América Latina, a Revista Autismo, uma publicação
gratuita, sem fins lucrativos, feita por pais de autistas, que pode ser
acessada íntegralmente no site citado, sem restrições.
À ESPERA
DOS DEPUTADOS FEDERAIS
Muitos podem pensar que autismo é
algo raro, porém, os números aceitos pela comunidade internacional são de um
autista para cada 110, estatística do CDC (Center of Deseases Control and
Prevention), órgão do governo dos Estados Unidos. Números alarmantes, que
deveriam colocar o autismo entre as prioridades nas políticas de saúde pública.
Em junho de 2011, o Senado aprovou
um projeto de lei que garantirá direitos e atendimento aos autistas do Brasil —
que atualmente não contam com tratamento pela rede pública de saúde. Para
ir à sanção da presidente Dilma e virar lei, o projeto precisa ainda ser
aprovado pela Câmara Federal, mas está parado sem entrar na pauta dos deputados
há mais de oito meses. Muitos pais perguntam: "Até quando?" — o andamento
do projeto pode ser acompanhado online em http://LeiFederal.RevistaAutismo.com.br com
informações do site da Câmara. O autismo não é considerado uma deficiência
física nem mental, portanto não se encaixa na maioria dos direitos já
conquistados pelas pessoas com deficiências no país. No início deste ano, no
Rio de Janeiro (RJ) e em Belo Horizonte (MG) pais se mobilizaram para derrubar
vetos do Executivo a leis que beneficiam os autistas.
Outro episódio de destaque em
2011, foi o lançamento no Brasil do primeiro videoclipe a respeitode autismo, com a música "Até o Fim", da cantora Fantine
Thó (ex-integrante do grupo Rouge), dirigido pelo cineasta Marco Rodrigues — o
clipe pode ser visto online no Youtube e
na MTV Brasil.
VÁRIOS
NÍVEIS NO ESPECTRO
Um dos únicos consensos entre a
comunidade médica em todo o mundo é de que quanto antes o diagnóstico for feito
e o tratamento iniciado, melhor será a qualidade de vida da pessoa com autismo.
A fim de auxiliar a descoberta precoce e para que a sociedade comece a conhecer
os sutis sinais do autismo em bebês e crianças cada vez mais cedo, a
editora M.Books está
lançando o livro "Autismo — Não espere, aja logo!" (132
páginas, R$ 39), sem linguagem técnica, de leigo para leigo, do jornalista
Paiva Junior, pai de um garoto que está no espectro do autismo e editor-chefe
da Revista Autismo. O livro, que tem prefácio do neuropediatra José Salomão
Schwartzman e contra-capa com texto do neurocientista Alysson Muotri, da
Universidade da Califórnia (EUA), poderá ser encontrado no site do autor (PaivaJunior.com.br)
a partir de abril, o mês do autismo.
Para muitos, o autismo remete à
imagem dos casos mais graves, porém há vários níveis dentro do espectro
autista. Nos limites dessa variação, há desde casos com sérios comprometimentos
do cérebro, até raros casos com diversas habilidades mentais, como a Síndrome
de Asperger (um tipo leve de autismo) – atribuída inclusive aos gênios Leonardo
Da Vinci, Michelângelo, Mozart e Einstein. Mas é preciso desfazer o mito de que
todo autista tem “superpoderes”. Os casos de genialidade são raríssimos.
A medicina e a ciência, de um modo
geral, sabem muito pouco sobre o autismo, descrito pela primeira vez em 1943 e
somente 1993 incluído na Classificação Internacional de Doenças (CID 10) da
Organização Mundial de Saúde como um Transtorno do Desenvolvimento, que afeta a
comunicação, a socialização e o comportamento.
Outro mito é o de que o autista
vive em seu próprio mundo. Não. Ele vive em nosso mundo. Muitos autistas,
porém, têm dificuldade em interagir e se comunicar, por isso não estabelecem
uma conversa, ou mantêm uma brincadeira, e tendem a isolar-se — não porque
querem, mas por não conseguirem. Ao pensar que o autista não tem um mundo
próprio, teremos mais chances de incluí-lo em "nosso mundo" com o
respeito que merecem, pois preconceito se combate com informação. Para
contribuir, procure saber mais sobre o autismo e ajude a divulgar o 2 de abril.
Fonte: Revista AUTISMO
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