Por Diovana Ramos
Participei de um evento como guia-intérprete empírica de uma pessoa surdocega, e nesta breve resenha, pretendo, relatar um pouco desta vivência. A pessoa surdocega em questão era o Prof. Alex Garcia. Fui aluna do Prof. Alex na Pós de AEE.
Neste evento 99% do público eram pessoas ditas "normais". Logo que
chegamos fui percebendo a estrutura do local (nada acessível) segundo
andar, sem elevador... No interior analisei o comportamento das pessoas
com nível superior de ensino, em relação ao Alex Garcia que ali se fazia
presente. As pessoas tiveram receio de conversar com o "diferente".
Tiveram dificuldades de comunicação, de aceitação talvez.
Cheguei a conclusão de que a Inclusão é muito bonita no papel, mas,
na prática é uma catástrofe. É mais cômodo excluir do que incluir. Pude
sentir na pele este sentimento de exclusão da pessoa surdocega frente a
sociedade. Somos capazes de conhecer o diferente e proporcionar à ele um
ambiente inclusivo, visto que todos nós somos diferentes, cada um com
suas habilidades, com suas limitações. Ninguém é melhor que o outro só
porque pode escutar e enxergar, e se comunicar de maneira aceita pela
maioria da sociedade.
De todo esse aprendizado ficou a lição: A inclusão não é somente
incluir no ambiente, é adaptar-se ao diferente. Dessa vivência posso
dizer que fui surdocega, e trouxe muito desse momento para meu
cotidiano, e acredito que as pessoas deveriam se colocar no corpo do
outro, não importa qual a deficiência que este possui, ele tem muito a
ensinar.
Hoje posso dizer que daria meus dias para ser a visão e a audição do
Alex Garcia. É uma sensação única de entrega e respeito. Não veja a
inclusão como modinha, mas como uma ação necessária, tire-a do papel,
faça com que ela seja posta em prática. Leia, se informe, conheça o
indivíduo a ser incluído. Não faça por fazer, não sinta-se obrigado(a) a
incluir. Faça por amor. A deficiência das pessoas ditas normais, está
no olhar, na forma com que ela vê o outro. Se vê o que ele não tem, ou
se vê ele como um todo, capaz de ser, estar, sentir e agir por si só.
Todo deficiente é desprovido de algum sentido, mas incrivelmente dotado
de inteligência e habilidades.. Mas infelizmente nossa sociedade tem um
padrão de normalidade que a pessoa com deficiência "não se enquadra".
Fonte:
Professora de Atendimento Educacional Especializado - AEE: Dio Ramos.
Vamos compartilhar este relato!