9 de fevereiro de 2016

Inclusão da Pessoa Surdocega

 
 
Por Diovana Ramos

Participei de um evento como guia-intérprete empírica de uma pessoa surdocega, e nesta breve resenha, pretendo, relatar um pouco desta vivência. A pessoa surdocega em questão era o Prof. Alex Garcia. Fui aluna do Prof. Alex na Pós de AEE.

Neste evento 99% do público eram pessoas ditas "normais". Logo que chegamos fui percebendo a estrutura do local (nada acessível) segundo andar, sem elevador... No interior analisei o comportamento das pessoas com nível superior de ensino, em relação ao Alex Garcia que ali se fazia presente. As pessoas tiveram receio de conversar com o "diferente". Tiveram dificuldades de comunicação, de aceitação talvez. 

Cheguei a conclusão de que a Inclusão é muito bonita no papel, mas, na prática é uma catástrofe. É mais cômodo excluir do que incluir. Pude sentir na pele este sentimento de exclusão da pessoa surdocega frente a sociedade. Somos capazes de conhecer o diferente e proporcionar à ele um ambiente inclusivo, visto que todos nós somos diferentes, cada um com suas habilidades, com suas limitações. Ninguém é melhor que o outro só porque pode escutar e enxergar, e se comunicar de maneira aceita pela maioria da sociedade. 

De todo esse aprendizado ficou a lição: A inclusão não é somente incluir no ambiente, é adaptar-se ao diferente. Dessa vivência posso dizer que fui surdocega, e trouxe muito desse momento para meu cotidiano, e acredito que as pessoas deveriam se colocar no corpo do outro, não importa qual a deficiência que este possui, ele tem muito a ensinar. 

Hoje posso dizer que daria meus dias para ser a visão e a audição do Alex Garcia. É uma sensação única de entrega e respeito. Não veja a inclusão como modinha, mas como uma ação necessária, tire-a do papel, faça com que ela seja posta em prática. Leia, se informe, conheça o indivíduo a ser incluído. Não faça por fazer, não sinta-se obrigado(a) a incluir. Faça por amor. A deficiência das pessoas ditas normais, está no olhar, na forma com que ela vê o outro. Se vê o que ele não tem, ou se vê ele como um todo, capaz de ser, estar, sentir e agir por si só. Todo deficiente é desprovido de algum sentido, mas incrivelmente dotado de inteligência e habilidades.. Mas infelizmente nossa sociedade tem um padrão de normalidade que a pessoa com deficiência "não se enquadra".

Fonte: 
Professora de Atendimento Educacional Especializado - AEE: Dio Ramos.


Vamos compartilhar este relato!
 
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