"Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos." (Antoine Saint Exupery)
Trabalho com aluno especial incluso. Ele é Deficiente Visual, tem 8 anos, está no 2º ano do Ensino Fundamental, incluso em uma turma regular. Preciso deixar registrado que ele é uma benção na minha vida.
Todos os dias eu aprendo muito com ele, pois apesar de suas limitações está sempre disposto a aprender o novo. Ele é alfabetizado oralmente e está aprendendo o braille. Interage o tempo todo com todas as pessoas que estão a sua volta. Adora contar e ouvir histórias. Gosta muito de cantar o Hino Nacional, das aulas de informática onde usa o programa DOSVOX, o qual eu conheci por intermédio dele. Esse programa é falado e tem jogos interativos que estimulam o desenvolvimento cognitivo. Uma outra atividade que ele gosta muito e pede sempre é desenhar. Confesso que quando tive meu primeiro contato com ele, no desenho, me surpreendi pois após ter preparado para ele a folha com uma textura em baixo, ele pediu para que eu pegasse sua cor preferida e então eu perguntei para ele qual seria e ele disse que era o azul escuro. Todas as vezes que desenha ele viaja em sua imaginação e vai dizendo o que esta desenhando. Participa das aulas de Inglês com satisfação e entusiasmo. Ele frequenta a sala de recursos e gosta muito.
O DOSVOX é um sistema para microcomputadores da linha PC que se comunica com o usuário através de síntese de voz, viabilizando, deste modo, o uso de computadores por deficientes visuais, que adquirem assim, um alto grau de independência no estudo e no trabalho.
As adaptações feitas nas atividades são de extrema importância pois é por meio destas adaptações e também dos comandos auditivos que ele realiza as atividades propostas. Preparo com carinho e satisfação todo o material necessário para que a aprendizagem ocorra de maneira prazeirosa.
Preciso destacar também o carinho e o cuidado que os amigos têm com ele em toda a escola, eles interagem o tempo inteiro.
Nessa mesma escola havia um outro aluno com deficiência visual e além dessa, outras deficiências associadas. Havia interação entre os dois, geralmente no recreio, onde eles se encontravam, conversavam, contavam história um para o outro.
Quando conhece um amigo novo, ele se apresenta dizendo o seu nome e em seguida diz que é deficiente visual e que não enxerga, por isso precisa tocar para conhecer a pessoa. Diz também que estuda em outra escola e que essa outra escola é para deficiente visual.
É notável o desenvolvimento cognitivo, afetivo e emocional dele. Ele demonstra todos os dias a ampliação do conhecimento adquirido, questionando e buscando o novo. É muito curioso e por isso aprende com facilidade. Realiza as tarefas com satisfação e entusiasmo. Tem se comunicado de maneira clara, facilitando assim a convivência em grupo. Ele tem se tornado na escola, cada vez mais independente, lutando com vigor pela sua autonomia.
Não posso deixar de comentar que precisei estar três semanas afastada da escola, por motivo de saúde, e quando eu voltei ele ficou muito feliz e eu também, é claro. Com essa atitude pude perceber que criamos um laço afetivo muito garnde.
Ele recebe muitos estímulos da família que está sempre buscando o novo para criar a autonomia dele. Seu sonho é ter um cão guia.
Estive no Instituto Benjamin Constant, participando de uma Jornada para Baixa Visão, onde tive a oportunidade de conhecer outras pessoas com deficiência visual inclusive um atleta paraolímpico campeão do golbol.
Fiz um curso rápido de Braille e Sorobã.
- Braille é um sistema de leitura e escrita utilizado universalmente por pessoas cegas.
- Na escrita de números reside a principal vantagem, que recomenda o sistema Sorobã como método ideal de cálculo para deficientes visuais. Com alguma habilidade o deficiente visual pode escrever nele números com a mesma velocidade ou até mesmo mais rápido que um vidente escreve a lápis no caderno.
É uma experiência muito rica. Uma lição de vida.
As crianças com necessidades especiais são aquelas que requerem certas modificações ou adaptações no programa educacional, a fim de poderem atingir seu potencial, de forma a não se sentirem discriminadas. Essas limitações podem resultar de problemas visuais, auditivos, mentais, motores ou de condições ambientais desfavoráveis.
Em qualquer processo de inclusão todos devemos entender a necessidade de irmos além dos limites que nos são apresentados para que possamos possibilitar ao ser humano alcançar o máximo da sua potencialidade e assim exercer a sua cidadania com liberdade.
Educação Inclusiva
Faça a sua parte!
Seja diferente porque ser DIFERENTE é NORMAL