Caro leitor, este é
mais um belíssimo texto de uma amiga e mãe especial.
Por Cylene Medrado
Foi
assim... Bastou à chegada de um filho para um longo e profundo mergulho. Um
mergulho daqueles certeiros com braços esticados e cabeça inclinada em
direção a água. Não sabia ao certo que direção tomar. Apenas me movia, sem
sequer saber exatamente o que buscava. Estive nesta condição por muito tempo e
quanto mais me movia o cansaço batia. Não conseguiam abrir os olhos para
enxergar, e meu mundo ficava cada vez mais turvo. O sorriso e as palavras
ficaram paralisados encontrando no silêncio um aliado. Com este bebê veio um
diagnóstico. E ele nasceu mais frágil que eu podia esperar. Este bebê trazia
consigo mais dependência e cuidados. O que me assustava e encantava. Tive que
sair da água. Do silêncio e da escuridão. Então, decidi que precisava enxergar,
respirar e ter uma direção. Foi novamente quando descobri que precisava ter um
rumo. Impulsionada por esta força ainda desconhecida, busquei o alto e
encontrei a luz. Abri os olhos, ainda bastante mareados e encontrei o que
procurava. Estava lá. O tempo todo. O sentimento mais profundo e avassalador
que poderia sentir. Tornei-me mãe. Uma mãe especial. Não melhor que as outras.
Mas inteiramente e completamente igual a todas as outras. Mas, enquanto
permanecia mergulhada em tristeza e em respostas incessantes e dolorosas minha
respiração era fraca. O coração batia acelerado, mas a respiração era difícil.
Havia pesar e estranheza na condição desse amado filho. E aos poucos, fui me
descobrindo como mãe. As lagrimas que me impediam de ver e que paralisavam
minhas ações, agora lavam minha alma. Assim, descobri que precisava seguir
adiante. A condição delicada e especial de meu filho humanizou meus pensamentos
e atitudes. E finalmente, redescobri que a força que me impulsionou a encontrou
a luz é chamada es-pe-ran-ça. A esperança de cada dia bem vivido. De cada
palavra profetizada. De cada afago percebido e eternizado. Aprendi a respirar.
Respirar minha vida e ver na vida deste amado filho a luz. Foi preciso
mergulhar em tudo pra sair de dentro das minhas próprias emoções e dizer: Eu
sou mãe de uma criança especial. Com tudo isso, aprendi também a renovar minhas
forças em direção ao alto. Em direção ao melhor, ao mais forte, ao belo, ao
eterno. Agora tenho direção: “O amor”.