O mutismo seletivo é um transtorno pouco conhecido e divulgado.
As causas da doença podem ser encontradas em três pilares:
- herança genética, a maioria das crianças que sofrem do mutismo apresentam uma predisposição genética a experimentar sintomas de ansiedade que é exacerbada por condições estressantes ou hostis;
- traços de temperamento, como: vergonha, timidez, preocupações excessivas, evitação social, medo, apego e negativismo;
- interações familiares, existe um consenso de que o mutismo é mantido na presença de características familiares, tais como: relação simbiótica, dependente e controladora entre mãe e filho, mães deprimidas e passivas.
As crianças que são acometidas pelo mutismo possuem uma inteligência preservada, normalmente, acima da média para a idade. Geralmente, o transtorno surge antes da idade de cinco anos (fase pré-escolar) e o grau de persistência varia de poucos à muitos anos e quando não tratados podem desenvolver na adolescência uma fobia social grave. As pesquisas indicam que a doença pode desaparecer espontaneamente, mas em geral, quando não tratada se torna crônica e altamente resistente a qualquer tipo de tratamento. Por falar em tratamento, a terapia mais indicada para o tratamento do mutismo é a cognitivo-comportamental, pois combina técnicas que vão auxiliar a criança a manifestar a fala e desenvolver habilidades sociais importantes nessa fase da vida. O tratamento precisa envolver a família da criança, a escola que ele estuda e o próprio paciente.
Abaixo, estão algumas estratégias para os PAIS que possuem um filho com o transtorno:
- A criança não deve ser forçada a falar. Os pais devem elaborar inicialmente formas alternativas de comunicação através de símbolos, gestos ou cartões.
- Não devem permitir que outras pessoas respondam pelo filho(a).
- Solicitar gradualmente a exposição oral da criança.
- Reforçar a criança todas as vezes que houver um aumento no comportamento verbal da criança. O tipo de reforço precisa ser de preferência da criança (elogios, abraços, doces preferidos…).
- Encorajá-las sempre que possível, fazer pequenas solicitações ou cumprimentos a pessoas estranhas. Ex. ir comprar pão, comprar jornal entre outros.
- Evitar que seu filho seja o centro das atenções.
- Identificar a compatibilidade com algum amigo para jogar e brincar com a criança algumas vezes dentro e fora de casa.
- Utilizar a dessensibilização sistemática. Por exemplo, usar um reforço quando a criança sussurrar uma palavra e gradualmente aumentar a exposição até a criança dizer uma palavra em volume normal para algum estranho.
- Planejar passeios em família fora de casa.
Algumas estratégias devem ser usadas pelo PROFESSOR para auxiliar o tratamento, incluem:
- Permitir que a criança se comunique não-verbalmente no início, para depois utilizar a comunicação oral.
Não permitir que outros amigos respondam pelo aluno. Solicitar gradualmente a exposição oral da criança. - Se possível colocar as mesas em forma de grupos.
- Reforçar positivamente interações sociais faladas ou não. O tipo de reforço precisa ser significativo para a criança (elogios escritos, verbal…).
- Reforçar qualquer tentativa de enfrentamento de situações interpessoais e ir ampliando progressivamente as exigências.
- Encorajá-las sempre que possível, fazer pequenas solicitações ou cumprimentos a pessoas estranhas. Ex. pegar ou entregar material fora de sala.
Os professores devem sempre que possível tentar iniciar conversas fora da presença de outros alunos, devem tentar também, não colocar a criança como sendo o centro das atenções, pois isso aumenta a ansiedade da criança. Não estabelecer comparações com outros companheiros. - Não permitir que os demais colegas o insultem, intimidem ou riem dele(a).
- Estimular e envolver os colegas para que o ajudem e para que participem nas sessões de intervenção.
- O aluno não deve ter métodos de avaliação diferente da turma.
Fonte: Pedagogia ao Pé da Letra