18 de março de 2012

MEU FILHO AQUARELA

Texto de Cylene Medrado

Não damos o devido valor ao poder de um lápis e papel em branco. Quando muitos julgam ser apenas um simples lápis, percebo que ele é capaz de tomar forma e conceito quando expresso em uma folha de papel em branco.

A possibilidade de criar, de expressar nossas emoções e colocar o que temos de melhor para o outro ver,  pode ser comparado a um filho. O filho representa nada mais que nossa melhor criação. Nossa arte mais elaborada, embora na gestação não saibamos como serão seus traços e cores. Deduzimos a cor da sua pele e sua fisionomia baseados na nossa família; e quando nossa criação surge, procuramos encontrar semelhança e trejeitos, observamos o nariz, a boca, os olhos  e a pele dos nossos pequenos projeto de gente. Eles são arte. E a arte é assim. Arte é uma inspiração única, intrínseca e inerente a natureza do artista. Não somos apenas pais, somos artistas. No entanto, algumas criações são mais elaboradas, porque excedem mais detalhes. No meu caso, a arte excedeu cromossomos (rs...rs...rs) e que acaba se parecendo mais com sua própria arte, do que com nossa produção. 

Hoje, percebo que no turbilhão de emoções com a  confirmação do diagnóstico da síndrome de Down, vejo mais o traço marcante de Deus do que o nosso. Posso afirmar que Deus é tão perfeito que ele teve o cuidado de medir o contorno do traçado dos olhos do Mateus para representar a síndrome de Down. A exatidão na arte de Deus fica exaltada nos olhos. Olhos sempre são tão sinceros. Olhos são tão marcantes. Olhos sorriem, olhos choram e seduzem.

Eu sei, olhos não falam...

Mas sei, olhos respondem.

E seus olhos? O que vêem na síndrome de down?

Espero que seus olhos vejam a beleza da aquarela.

Na diversidade da aquarela encontramos a beleza somada a diversidade das cores.

Cada cor, uma dor.

Cada cor, uma vida.

Cada cor, uma escolha.

Podemos escolher a aquarela.

No dia 21 de março (dia internacional da síndrome de Down) escolha o amor. 

Te amamos Mateus!

 
;