Texto de Cylene Medrado
Não damos o devido valor ao poder de um lápis e papel em branco.
Quando muitos julgam ser apenas um simples lápis, percebo que ele é capaz de
tomar forma e conceito quando expresso em uma folha de papel em branco.
A possibilidade de criar, de expressar nossas emoções e colocar
o que temos de melhor para o outro ver, pode ser comparado a um filho. O
filho representa nada mais que nossa melhor criação. Nossa arte mais elaborada,
embora na gestação não saibamos como serão seus traços e cores. Deduzimos a cor
da sua pele e sua fisionomia baseados na nossa família; e quando nossa criação
surge, procuramos encontrar semelhança e trejeitos, observamos o nariz, a boca,
os olhos e a pele dos nossos pequenos projeto de gente. Eles são arte. E
a arte é assim. Arte é uma inspiração única, intrínseca e inerente a natureza
do artista. Não somos apenas pais, somos artistas. No entanto, algumas criações
são mais elaboradas, porque excedem mais detalhes. No meu caso, a arte excedeu cromossomos
(rs...rs...rs) e que acaba se parecendo mais com sua própria arte, do que com
nossa produção.
Hoje, percebo que no turbilhão de emoções com a
confirmação do diagnóstico da síndrome de Down, vejo mais o traço
marcante de Deus do que o nosso. Posso afirmar que Deus é tão perfeito que ele
teve o cuidado de medir o contorno do traçado dos olhos do Mateus para
representar a síndrome de Down. A exatidão na arte de Deus fica exaltada nos
olhos. Olhos sempre são tão sinceros. Olhos são tão marcantes. Olhos sorriem,
olhos choram e seduzem.
Eu sei, olhos não falam...
Mas sei, olhos respondem.
E seus olhos? O que vêem na síndrome de down?
Espero que seus olhos vejam a beleza da aquarela.
Na diversidade da aquarela encontramos a beleza somada a
diversidade das cores.
Cada cor, uma dor.
Cada cor, uma vida.
Cada cor, uma escolha.
Podemos escolher a aquarela.
No dia 21 de março (dia internacional da síndrome de Down)
escolha o amor.
Te amamos Mateus! |