22 de julho de 2011

A DESCOBERTA DO AMOR

Texto de Cylene Medardo

Como se sentir diante a possibilidade do seu filho não andar e falar na mesma idade que as outras crianças? O que fazer depois da confirmação do diagnóstico da síndrome de um filho? Como superar suas próprias expectativas diante seus sonhos? O que afinal é importante na vida? Essas foram alguns dos questionamentos que fiz por um tempo. Não sei estimar quanto tempo, mas sei que me perguntava todos os dias: o que vou fazer? Quem procurar? Como vai ser? E a angústia e o medo fizeram parte do meu dia a dia. Eu sempre estive como fonoaudióloga do outro lado da mesa. Tinha conhecimento sobre a síndrome de Down, sabia sobre o desenvolvimento, conhecia alguns portadores e suas famílias, mas como disse anteriormente, EU SEMPRE ESTIVE DO OUTRO LADO DA MESA, fazia parte daquele grupo que entrevistava e tratava. Mas agora faço do OUTRO GRUPO, sou mais uma mãe de um portador da síndrome de Down. Todas aquelas questões de inclusão serão parte integrante e permanente na minha vida. Vou ter que me adaptar a novas situações familiares e sociais que não estava preparada para lidar. Acho que ninguém está. Mas quando falamos em inclusão, nos preocupamos somente na sociedade e nos esquecemos que a família faz parte FUNDAMENTAL deste processo. E minha preocupação começou quando me deparei com a seguinte pergunta: como vou contar pra minha outra filha, a Letícia. Como seria falar pra Letícia que aquele bebezinho no meu colo tinha nascido com síndrome de Down. Ela tinha 6 anos, não entendia bem, mas conhecia colegas na escola com a síndrome e se referia a eles com receio alegando que eles eram “diferentes”. Esse era o discurso dela. A primeira tentativa de contar foi frustrante, porque ela recusou em ouvir dizendo que não queria saber desse assunto de “Down”. Já na segunda vez, ela olhando uma foto do Mateus disse que ele se parecia muito com seu coleguinha Down da escola e quando perguntei se ele fosse como o coleguinha, ela respondeu que não queria novamente falar sobre isso. Mas um dia....porque esse dia tem sempre que acontecer, não é apenas nas fabulas, ela chegou de repente e disse: - Mamãe, descobri uma coisa? O Mateus é Down. Tomei um susto e afirmei: que bom, que você descobriu isso. E ela logo disse: - Eu não me importo se ele é Down, vou ensinar tudo pra ele e vou amá-lo muito. E naquele exato momento, encontrei a resposta pra todas as minhas perguntas anteriores, aqueeelas que tinha feito no começo do texto. Pois é, o gabarito com as respostas foi a Letícia que me deu. E respondo seguramente:
Como se sentir diante a possibilidade do seu filho não andar e falar na mesma idade que as outras crianças? Cada pessoa tem seu tempo.”
O que fazer depois da confirmação do diagnóstico da síndrome de um filho? “Seguir a vida”.
Como superar suas próprias expectativas diante seus sonhos? “Seguir sonhando”.
O que afinal é importante na vida? “Seguir amando”.

TEXTO ESCRITO DIA 18/07/2011.

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