24 de julho de 2011

O DESTINO NAS MÃOS

Texto de Cylene Medrado

Algumas pessoas acreditam veemente no poder das linhas das mãos. Nossas mãos são extremamente úteis para a nossa rotina diária e tão preciosas que precisamos delas para comer, nos arrumar, fazer carinho, telefonar para os amigos, enfim...fazemos tantas coisas. Podemos usá-las tanto para o amor como para violência . São usadas para pedir a benção, receber a hóstia, troca de aliança no casamento e até mesmo usadas em frases de impacto do tipo: “minha vida está em suas mãos”. Mas nunca imaginei  que essa frase tivesse algum impacto na minha vida. Como assim? Como as mãos poderiam ter alguma influência sobre a minha vida. Como as mãos poderiam contribuir no diagnóstico da síndrome de Down do meu Mateus. A explicação está nas características físicas dos portadores da síndrome de Down e uma delas é a prega palmar que forma a letra M. Ironia do destino a letra M de Mateus. E como procurei essa danada da letra M nas mãozinhas do Mateus. Olhava, olhava e via a letra M. Só eu. Porque as pediatras não viam. kkkk. Eu afirmava que os olhinhos pareciam com os olhos dos parentes. E eu não tenho parentes japoneses. Longe disto. O parentesco mais próximo do Mateus com o estrangeiro é o português kkkkk. A família do meu marido é portuguesa. Quer dizer, se no rosto não conseguia enxergar os olhinhos Down, óbvio que nunca iria encontrar outra letra que não fosse o M nas mãos do Mateus. Era como se fosse uma necessidade. Ele tinha que ter aquelas linhas nas mãos para que a possibilidade da síndrome de Down estivesse longe do meu filho. E um dia, eu tive a coragem de perguntar para a Letícia o que ela via nas mãozinhas do Mateus. Já conheceram criaturas mais sinceras que do que as crianças? kkk pois é. Ela respondeu com extrema franqueza. – Ué mãe, uma mão dele faz a letrinha m como faz a da gente, mas a outra mãozinha dele tem a letrinha A. Ela levantou da cama e saiu do quarto. Eu? Chorei. Não tinha mais como negar. A Letícia com 6 anos consegui ver o que eu não queria. Fiquei até mais conformada porque realmente em uma das mãozinhas dele tinha a letra m. Eu não tava tão doida assim. Só que não dava mais pra negar o obvio. Tava na hora de aceitar e viver essa questão de frente. Meu destino estava traçado.  Não se trata de um pensamento esotérico nem espírita. Era como se as linhas das mãos dele traçassem a minha vida. Minha vida estava naquelas mãos. E aquela frase que parecia piegas, agora era uma verdade. Busco traçar as metas da minha profissão, da minha família e da minha da felicidade por causa das linhas dessas mãos. Essas mãos que não forma a letra M de Mateus, mas que forma a letra A de aceitação e amor. Sei que meu destino é estender minhas mãos a muitas outras mãos, que formam tantas outras letras formando apenas uma palavra no destino final:  SOLIDARIEDADE.

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