Inteligência...
Definição de inteligência:
“Capacidade para aprender, capacidade para pensar abstratamente, capacidade de adaptação a novas situações” e “conjunto de processos como memória, categorização, aprendizagem e solução de problemas, capacidade linguística ou de comunicação, conhecimento social…”(Sainz e Mayor).
Deficiência Mental
Conceito:
Deficiência mental é a designação que caracteriza os problemas que ocorrem no cérebro e levam a um baixo rendimento, mas que não afetam outras regiões ou áreas cerebrais.
Quem pode ser considerado deficiente mental?
Deficiente mental são “todas as pessoas que tenham um QI abaixo de 70 e cujos sintomas tenham aparecido antes dos dezoito anos considera-se que têm deficiência mental.” - Paula Romana.
Segundo a vertente pedagógica, o deficiente mental será o indivíduo que tem uma maior ou menor dificuldade em seguir o processo regular de aprendizagem e que por isso tem necessidades educativas especiais, ou seja, necessita de apoios e adaptações curriculares que lhe permitam seguir o processo regular de ensino.
Graus de deficiência mental
Embora existam diferentes correntes para determinar o grau de deficiência mental, são as técnicas psicométricas que mais se impõem, utilizando o QI para a classificação desse grau.
O conceito de QI foi introduzido por Stern e é o resultado da multiplicação por cem do quociente obtido pela divisão da IM (idade mental) pela IC (idade cronológica).Segundo a OMS, a deficiência
divide-se:
Profunda:
- Grandes problemas sensorio-motores e de comunicação,bem como de comunicação com o meio;
- São dependentes dos outros em quase todas as funções e actividades, pois os seus handicaps físicos e intelectuais são gravíssimos;
- Excepcionalmente terão autonomia para se deslocar e responder a treinos simples de auto-ajuda.
Grave/severa:
- Necessitam de protecção e ajuda, pois o seu nível de autonomia é muito pobre;
- Apresentam muitos problemas psicomotores;
- A sua linguagem verbal é muito deficitária – comunicação primária;
- Podem ser treinados em algumas atividades de vida diária básicas e em aprendizagens pré-tecnológicas simples;
Moderado/média:
- São capazes de adquirir hábitos de autonomia pessoal e social;
- Podem aprender a comunicar pela linguagem oral, mas apresentam dificuldades na expressão e compreensão oral;
- Apresentam um desenvolvimento motor aceitável e têm possibilidade para adquirir alguns conhecimentos pré-tecnológicos básicos que lhes permitam realizar algum trabalho;
- Dificilmente chegam a dominar as técnicas de leitura, escrita e cálculo;
Leve/ligeira:
- São educáveis;
- Podem chegar a realizar tarefas mais complexas;
- A sua aprendizagem é mais lenta, mas podem permanecer em classes comuns embora precisem de um acompanhamento especial;
- Podem desenvolver aprendizagens sociais e de comunicação e têm capacidade para se adaptar e integrar no mundo laboral;
- Apresentam atraso mínimo nas áreas perceptivas e motoras;
- Geralmente não apresentam problemas de adaptação ao ambiente familiar e social.
Etiologia/Causas e fatores de risco
É importante alertar que, muitas vezes, apesar da utilização de recursos sofisticados na realização do diagnóstico, não se chega a definir com clareza a causa de deficiência mental.
Fatores Genéticos
Estes fatores atuam antes da gestação; a origem da deficiência está já determinada pelos genes ou herança genética. São fatores ou causas de tipo endógeno (atuam no interior do próprio ser).
Existem dois tipos de causas genéticas:
- Geneopatias – alterações genéticas que produzem metabolopatias ou alterações de metabolismo;
- Cromossomopatias – que são síndromes devidos a anomalias ou alterações nos cromossomas.
Fatores Extrínsecos
Fatores extrínsecos são fatores pré-natais, isto é, que atuam antes do nascimento do ser.
Podemos, então, constatar os seguintes problemas:
- Desnutrição materna;
- Má assistência à gestante;
- Doenças infecciosas;
- Intoxicações;
- Perturbações psiquícas;
- Infecções;
- Fetopatias; (actuam a partir do 3º mês de gestação)
- Embriopatias (actuam durante os 3 primeiros meses de gestação)
- Genéticos.
- etc
Fatores Perinatais e neonatais
Fatores Perinatais ou Neonatais são aqueles que atuam durante o nascimento ou no recém-nascido.
Neste caso, podemos constatar os seguintes problemas:
- Metabolopatias;
- Infecções;
- Incompatibilidade RH entre mãe e recém nascido.
- Má assistência e traumas de parto;
- Hipóxia ou anóxia;
- Prematuridade e baixo peso;
- Icterícia grave do recém nascido (incompatibilidade RH/ABO).
Fatores Pós-Natais
Fatores pós-natais são fatores que atuam após o parto.
Observamos, assim, os seguintes problemas:
- Desnutrição, desidratação grave, carência de estimulação global:
- Infecções;
- Convulsões;
- Anoxia (paragem cardíaca, asfixia…)
- Intoxicações exógenas (envenenamento);
- Acidentes;
- Infestações.
Intervenção Pedagócica
No desenvolvimento de um indivíduo deficiente mental, deparamo-nos com várias dificuldades, sendo elas:
- Psicomotoras;
- Sensoriais;
- Nas relações sociais;
- De autonomia;
- De linguagem.
No momento de planificar qualquer intervenção educativa, devemos pensar nessas dificuldades e, consoante as possibilidades e limitações de cada indivíduo, estabelecer o programa mais adaptado.
Além de conhecer o estado geral do seu desenvolvimento e as dificuldades específicas apresentadas, deveremos atender também às capacidades de aprendizagem de cada um, para evitar que os objectivos educativos não sejam nem demasiado exigentes, a ponto de o aluno não poder atingi-los, nem tão simples, que não favoreçam ao máximo o desenvolvimento das suas potencialidades.
- Em primeiro lugar, a criança deficiente tem dificuldade em estruturar as suas experiências.A aquisição de capacidades perceptivo-motoras não terá a mesma significação que têm para a maioria dos indivíduos da sociedade a que pertencem.
- É difícil comunicar com estas crianças porque, por um lado, teremos de entrar no seu mundo de objetos e representações e, por outro, no mundo das pessoas normais existe um campo de experiências que estão fora do alcance da criança deficiente.Esta dificuldade para estabelecer comunicação faz com que o tipo de educação que lhes damos, deva basear-se numa série de estratégias que permitam educar a percepção, motricidade e linguagem e que consistirão no treino da capacidade para efectuar as diferenciações e as estruturações necessárias para que as aprendizagens escolares possam revestir-se de significado para a criança e possam chegar a ser objetos, ou seja, possam fazer parte não apenas do seu meio ambiente mas também do seu próprio meio.
- A criança deficiente mental não possui determinados meios para poder afirmar-se como pessoa e, por conseguinte, está sujeita a não ser respeitada e a ser tratada, por vezes, como um objeto. Para isso, contribui uma série de factores que passaremos a referir: os pais não devem deixar que a criança não faça nada, pois isso prejudica o desenvolvimento da sua autonomia pessoal; outro aspecto em que é preciso ajudar o deficiente mental é na integração do seu esquema corporal, pois se não conseguir compreender os termos que simbolizam as relações espaciais, não poderá compreender os sistemas convencionais que regulam a vida social e viverá à margem desta e muitas ocasiões.
- A atitude perante o deficiente mental deve ser sempre de aceitação da sua pessoa tal como é; esta atitude deveria ser adoptada por toda a sociedade, mas muito especialmente por pais e educadores.
A educação...
A educação em casa
O período educativo, em que as crianças estão permanentemente em contato com os pais ou em creches ou amas, corresponde às primeiras etapas da sua vida, é da maior importância no seu desenvolvimento.
É importante que estes recebam apoio e orientações necessárias sobre as possibilidades de desenvolvimento da criança, para que assim, possam favorecê-las desde o princípio:
- o meio ambiente tem uma enorme influência na aprendizagem, através da estimulação directa ou indirecta que é dada à criança;
- os primeiros anos da infância são o período mais favorável para a estimulação, visto corresponderem à fase da vida em que o desenvolvimento psicofísico é mais acelerado;
- tudo o que a educação pode oferecer à criança nestas idades requer menor esforço educativo do que nas idades posteriores.
A educação precoce deverá fomentar todos os aspectos do desenvolvimento, como:
- Motricidade;
- Percepção;
- Linguagem;
- Socialização;
- Afectividade.
A Educação Pré-escolar
Antes da integração da pessoa deficiente mental na escola, é necessário ter em conta os seguintes parâmetros:
- Atuação pedagógica orientada;
- Estimulação e motivação para a aprendizagem e para atividades relacionais;
- Educação sensoriomotora e psicomotora;
- Treino de autonomia e hábitos de higiene;
- Educação rítmica;
- Iniciação à comunicação social;
- Educação verbal elementar.
A Educação na Escola
A educação no período escolar deve investir no desenvolvimento de todas as potencialidades da criança deficiente, com o objectivo de a preparar para enfrentar sozinha o mundo em que tem de viver.
Neste sentido, devem ser favorecidas todas as actividades que a ajudem a adquirir as capacidades necessárias para se desenvolver como ser humano:
- Sociabilização;
- Independência;
- Destreza;
- Domínio do corpo;
- Capacidade perceptiva;
- Capacidade de representação mental;
- Linguagem;
- Afetividade.Fonte: Deficiência