13 de março de 2011

DEFICIÊNCIA MENTAL


Inteligência...

Definição de inteligência: 


“Capacidade para aprender, capacidade para pensar abstratamente, capacidade de adaptação a novas situações” e “conjunto de processos como memória, categorização, aprendizagem e solução de problemas, capacidade linguística ou de comunicação, conhecimento social…”(Sainz e Mayor).


Deficiência Mental 
Conceito:
Deficiência mental é a designação que caracteriza os problemas que ocorrem no cérebro e levam a um baixo rendimento, mas que não afetam outras regiões ou áreas cerebrais.

Quem pode ser considerado deficiente mental?
Deficiente mental são “todas as pessoas que tenham um QI abaixo de 70 e cujos sintomas tenham aparecido antes dos dezoito anos considera-se que têm deficiência mental.” - Paula Romana.
Segundo a vertente pedagógica, o deficiente mental será o indivíduo que tem uma maior ou menor dificuldade em seguir o processo regular de aprendizagem e que por isso tem necessidades educativas especiais, ou seja, necessita de apoios e adaptações curriculares que lhe permitam seguir o processo regular de ensino.

Graus de deficiência mental
Embora existam diferentes correntes para determinar o grau de deficiência mental, são as técnicas psicométricas que mais se impõem, utilizando o QI para a classificação desse grau. 
O conceito de QI foi introduzido por Stern e é o resultado da multiplicação por cem do quociente obtido pela divisão da IM (idade mental) pela IC (idade cronológica).Segundo a OMS, a deficiência 
divide-se:

Profunda:
  • Grandes problemas sensorio-motores e de comunicação,bem como de comunicação com o meio; 
  • São dependentes dos outros em quase todas as funções e actividades, pois os seus handicaps físicos e intelectuais são gravíssimos;
  • Excepcionalmente terão autonomia para se deslocar e responder a treinos simples de auto-ajuda.



Grave/severa:

  • Necessitam de protecção e ajuda, pois o seu nível de autonomia é muito pobre; 
  • Apresentam muitos problemas psicomotores;
  • A sua linguagem verbal é muito deficitária – comunicação primária;
  • Podem ser treinados em algumas atividades de vida diária básicas e em aprendizagens pré-tecnológicas simples;



Moderado/média: 

  • São capazes de adquirir hábitos de autonomia pessoal e social; 
  • Podem aprender a comunicar pela linguagem oral, mas apresentam dificuldades na expressão e compreensão oral;
  • Apresentam um desenvolvimento motor aceitável e têm possibilidade para adquirir alguns conhecimentos pré-tecnológicos básicos que lhes permitam realizar algum trabalho;
  • Dificilmente chegam a dominar as técnicas de leitura, escrita e cálculo;



Leve/ligeira:

  • São educáveis; 
  • Podem chegar a realizar tarefas mais complexas;
  • A sua aprendizagem é mais lenta, mas podem permanecer em classes comuns embora precisem de um acompanhamento especial;
  • Podem desenvolver aprendizagens sociais e de comunicação e têm capacidade para se adaptar e integrar no mundo laboral;
  • Apresentam atraso mínimo nas áreas perceptivas e motoras;
  • Geralmente não apresentam problemas de adaptação ao ambiente familiar e social.



Etiologia/Causas e fatores de risco
É importante alertar que, muitas vezes, apesar da utilização de recursos sofisticados na realização do diagnóstico, não se chega a definir com clareza a causa de deficiência mental.

Fatores Genéticos
Estes fatores atuam antes da gestação; a origem da deficiência está já determinada pelos genes ou herança genética. São fatores ou causas de tipo endógeno (atuam no interior do próprio ser). 
Existem dois tipos de causas genéticas:

  • Geneopatias – alterações genéticas que produzem metabolopatias ou alterações de metabolismo; 
  • Cromossomopatias – que são síndromes devidos a anomalias ou alterações nos cromossomas.

Fatores Extrínsecos

Fatores extrínsecos são fatores pré-natais, isto é, que atuam antes do nascimento do ser. 
Podemos, então, constatar os seguintes problemas:

  • Desnutrição materna; 
  • Má assistência à gestante;
  • Doenças infecciosas;
  • Intoxicações;
  • Perturbações psiquícas;
  • Infecções;
  • Fetopatias; (actuam a partir do 3º mês de gestação)
  • Embriopatias (actuam durante os 3 primeiros meses de gestação)
  • Genéticos.
  • etc

Fatores Perinatais e neonatais 

Fatores Perinatais ou Neonatais são aqueles que atuam durante o nascimento ou no recém-nascido.
Neste caso, podemos constatar os seguintes problemas:

  • Metabolopatias; 
  • Infecções;
  • Incompatibilidade RH entre mãe e recém nascido.
  • Má assistência e traumas de parto;
  • Hipóxia ou anóxia;
  • Prematuridade e baixo peso;
  • Icterícia grave do recém nascido (incompatibilidade RH/ABO).

Fatores Pós-Natais

Fatores pós-natais são fatores que atuam após o parto.
Observamos, assim, os seguintes problemas:

  • Desnutrição, desidratação grave, carência de estimulação global: 
  • Infecções;
  • Convulsões;
  • Anoxia (paragem cardíaca, asfixia…)
  • Intoxicações exógenas (envenenamento);
  • Acidentes;
  • Infestações.

Intervenção Pedagócica

No desenvolvimento de um indivíduo deficiente mental, deparamo-nos com várias dificuldades, sendo elas:

  • Psicomotoras; 
  • Sensoriais; 
  • Nas relações sociais; 
  • De autonomia; 
  • De linguagem.

No momento de planificar qualquer intervenção educativa, devemos pensar nessas dificuldades e, consoante as possibilidades e limitações de cada indivíduo, estabelecer o programa mais adaptado. 


Além de conhecer o estado geral do seu desenvolvimento e as dificuldades específicas apresentadas, deveremos atender também às capacidades de aprendizagem de cada um, para evitar que os objectivos educativos não sejam nem demasiado exigentes, a ponto de o aluno não poder atingi-los, nem tão simples, que não favoreçam ao máximo o desenvolvimento das suas potencialidades.

  • Em primeiro lugar, a criança deficiente tem dificuldade em estruturar as suas experiências. 
    A aquisição de capacidades perceptivo-motoras não terá a mesma significação que têm para a maioria dos indivíduos da sociedade a que pertencem.
  • É difícil comunicar com estas crianças porque, por um lado, teremos de entrar no seu mundo de objetos e representações e, por outro, no mundo das pessoas normais existe um campo de experiências que estão fora do alcance da criança deficiente. 
    Esta dificuldade para estabelecer comunicação faz com que o tipo de educação que lhes damos, deva basear-se numa série de estratégias que permitam educar a percepção, motricidade e linguagem e que consistirão no treino da capacidade para efectuar as diferenciações e as estruturações necessárias para que as aprendizagens escolares possam revestir-se de significado para a criança e possam chegar a ser objetos, ou seja, possam fazer parte não apenas do seu meio ambiente mas também do seu próprio meio.
  • A criança deficiente mental não possui determinados meios para poder afirmar-se como pessoa e, por conseguinte, está sujeita a não ser respeitada e a ser tratada, por vezes, como um objeto. Para isso, contribui uma série de factores que passaremos a referir: os pais não devem deixar que a criança não faça nada, pois isso prejudica o desenvolvimento da sua autonomia pessoal; outro aspecto em que é preciso ajudar o deficiente mental é na integração do seu esquema corporal, pois se não conseguir compreender os termos que simbolizam as relações espaciais, não poderá compreender os sistemas convencionais que regulam a vida social e viverá à margem desta e muitas ocasiões.
  • A atitude perante o deficiente mental deve ser sempre de aceitação da sua pessoa tal como é; esta atitude deveria ser adoptada por toda a sociedade, mas muito especialmente por pais e educadores.


A educação...

A educação em casa
O período educativo, em que as crianças estão permanentemente em contato com os pais ou em creches ou amas, corresponde às primeiras etapas da sua vida, é da maior importância no seu desenvolvimento. 
É importante que estes recebam apoio e orientações necessárias sobre as possibilidades de desenvolvimento da criança, para que assim, possam favorecê-las desde o princípio:

  • o meio ambiente tem uma enorme influência na aprendizagem, através da estimulação directa ou indirecta que é dada à criança; 
  • os primeiros anos da infância são o período mais favorável para a estimulação, visto corresponderem à fase da vida em que o desenvolvimento psicofísico é mais acelerado;
  • tudo o que a educação pode oferecer à criança nestas idades requer menor esforço educativo do que nas idades posteriores.
A educação precoce deverá fomentar todos os aspectos do desenvolvimento, como:
  • Motricidade; 
  • Percepção; 
  • Linguagem; 
  • Socialização; 
  • Afectividade.

A Educação Pré-escolar

Antes da integração da pessoa deficiente mental na escola, é necessário ter em conta os seguintes parâmetros:

  • Atuação pedagógica orientada;
  • Estimulação e motivação para a aprendizagem e para atividades relacionais;
  • Educação sensoriomotora e psicomotora;
  • Treino de autonomia e hábitos de higiene;
  • Educação rítmica;
  • Iniciação à comunicação social;
  • Educação verbal elementar.

A Educação na Escola

A educação no período escolar deve investir no desenvolvimento de todas as potencialidades da criança deficiente, com o objectivo de a preparar para enfrentar sozinha o mundo em que tem de viver.
Neste sentido, devem ser favorecidas todas as actividades que a ajudem a adquirir as capacidades necessárias para se desenvolver como ser humano:

  • Sociabilização; 
  • Independência;
  • Destreza;
  • Domínio do corpo;
  • Capacidade perceptiva;
  • Capacidade de representação mental;
  • Linguagem;
  • Afetividade.

    Fonte: Deficiência


 
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