28 de março de 2011

NATAÇÃO PARAOLÍMPICA

Modalidade de alto rendimento praticada por atletas com deficiência que são destaques no cenário mundial

A natação proporciona vários benefícios para quem a pratica. Além daqueles relacionados diretamente com a parte física do corpo, nadar promove integração social, independência e aumenta a autoestima. Esses resultados fazem bem para todas as pessoas, inclusive para quem tem algum tipo de deficiência. Com um programa adequado de treinamentos e a consequente profissionalização dos atletas com deficiência, surge um novo cenário na natação paraolímpica. Sai de cena o esporte como forma de reabilitação e entra o esporte de alto rendimento.

Ciente da importância de se fomentar a prática esportiva entre os atletas, o Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB) estabeleceu uma nova estratégia de incentivos, que vão desde a divulgação e organização de competições até o envio de atletas para eventos no exterior. E os desafios não param, pois o Brasil tem metas bastante ousadas para as próximas Paraolimpíadas e o Parapan -depois da 9ª posição nas Paraolimpíadas de Pequim 2008 , o CPB planeja ficar em 7º lugar nas Paraolimpíadas de Londres 2012, para em 2016, no Rio de Janeiro, conquistar a 5ª colocação no quadro geral de medalhas. No Parapan de Guadalajara 2011 e o de Toronto 2015 manter a 1ª colocação alcançada nos Jogos do Rio 2007. Para alcançar essas metas, o CPB conta com o apoio do Ministério do Esporte. Por meio dele, obteve novos recursos como os R$ 20 milhões, que tiveram o repasse recentemente anunciado e irão contemplar cada uma das 20 modalidades sob a coordenação do Comitê, como também irão fortalecer o Projeto Ouro, e implementar o Projeto Medalha - ambos oferecem apoio financeiro aos atletas. O CPB, que tem também o papel de confederação para a natação e outras quatro modalidades, é patrocinado pelas Loterias Caixa. Em 2010, recebeu R$ 9 milhões em patrocínios, o que promoveu a realização do Circuito Loterias Caixa Brasil Paraolímpico de Atletismo, halterofilismo e natação. Esta última modalidade teve três etapas regionais e três nacionais. Cerca de dois mil atletas de todo o país competiram pelas três modalidades durante o ano.

Incentivo

Existem dois programas que englobam atletas da natação. O Programa Loterias Caixa Atletas Alto Nível que patrocina individualmente 28 atletas brasileiros. Eles recebem diferentes valores de patrocínio sendo oito da modalidade natação. O CPB desenvolve ainda o programa de seleções permanentes, que funcionam em todas as cinco modalidades individuais das quais o CPB é confederação: atletismo (16 atletas), natação (28 atletas), halterofilismo (16 atletas), tiro esportivo (oito atletas) e esgrima (seis atletas). Os 74 atletas das seleções permanentes do CPB têm um atendimento diferenciado, com encontros planejados com a comissão técnica, avaliações fisiológicas e médicas regulares e acompanhamento fisiológico individualizado.

Histórico

A natação está presente no programa oficial de competições paraolímpicas desde a primeira Paraolimpíada em Roma (1960). O Brasil começou a brilhar em Stoke Mandeville (1984), quando conquistou uma medalha de ouro, cinco de pratas e uma de bronze. Nos Jogos Paraolímpicos de Seul (1988), os atletas trouxeram uma medalha de ouro, uma de prata e sete de bronze. Em Barcelona (1992), a natação ganhou três medalhas de bronze. Em Atlanta (1996), o resultado foi exatamente igual ao de Seul. Já os Jogos de Sydney foram marcados pelo excelente desempenho da natação, que trouxe uma medalha de ouro, seis de prata e de quatro bronze para o Brasil. Em Atenas, foram sete medalhas de ouro, três de prata e uma de bronze. No Parapan do Rio de Janeiro (2007) ficou em segundo lugar geral da modalidade, perdendo para o Canadá, mas ficando à frente dos Estados Unidos. Total de 39 medalhas de ouro, 30 de prata e 29 de bronze.

Modalidades

Verônica fez da natação seu ideal de vida
Na natação competem atletas com deficiência física e visual em provas como dos 50m aos 400m no estilo livre, dos 50m aos 100m nas modalidades de peito, costas e borboleta. O medley é disputado em provas de 150m e 200m. As provas são divididas na categoria masculino e feminino, seguindo as regras do IPC Swimming, órgão responsável pela natação no Comitê Paraolímpico Internacional.

As adaptações são feitas nas largadas, viradas e chegadas. Os nadadores cegos recebem um aviso do "tapper", por meio de um bastão com uma ponta de espuma, quando estão se aproximando das bordas. A largada também pode ser feita na água, no caso de atletas que não conseguem sair do bloco. As baterias são separadas de acordo com o grau e o tipo de deficiência. No Brasil, a modalidade é administrada pelo Comitê Paraolímpico Brasileiro.

Mudança de vida

Daniel já ganhou quatro vezes o prêmio de melhor atleta
Daniel Dias, atualmente o principal nome da natação paraolímpica brasileira, descobriu o esporte aos 16 anos, quando assistiu às Paraolimpíadas de Atenas em 2004 pela TV. O nadador paulista, que teve má-formação congênita, foi escolhido pelo Comitê Paraolímpico Internacional (IPC) como o atleta do mês de agosto, após a brilhante participação no Campeonato Mundial de Natação do IPC 2010, que ocorreu na Holanda quando conquistou sete medalhas de ouro. De todas as provas que disputou, só não quebrou recorde nos 50m costas e nos 100m peito. O atleta quebrou um recorde das Américas, além de bater cinco recordes mundiais (50m, 100m e 200m livre, 50m borboleta e 200m medley). Daniel também ganhou quatro vezes o prêmio de melhor atleta paraolímpico - três promovidos pelo COB e um pelo Instituto Superar.

Assim como Daniel, Verônica Mauadie, que tem uma doença degenerativa rara, fez da natação seu ideal de vida. "Quando a doença avançou, encontrei na minha família a maior força", lembra. Assim que começou a usar cadeira de rodas, recebeu um prognóstico negativo dos médicos. "Disseram que minha expectativa de vida era de um ano." Medalhista paraolímpica e mundial, ela conta que resolveu nadar e renasceu. "Fui para Pequim em 2008 como a décima do ranking mundial. Dediquei-me ao máximo e deu certo. Tornei-me a primeira mulher brasileira a ganhar uma medalha paraolímpica. Levei o bronze, o que significou pra mim uma medalha de ouro."

Serviço
Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB)
Site:
www.cpb.org.br

Fonte: Revista Sentidos
 
;